Estética e Harmonização Orofacial - O que há de mais moderno?

Estética Orofacial – O que há de mais moderno?

A harmonização orofacial é uma especialidade na odontologia que visa à reabilitação funcional e estética do sistema estomatognático e estruturas orofaciais de sua área de atuação. A odontologia é uma área da saúde de caráter inexorável, entre a finalidade estética e funcional, não existindo contrapontos e necessitando da coexistência dos dois princípios para a finalização do tratamento de forma harmônica e equilibrada. Em razão da busca pelos procedimentos estéticos cada vez mais constantes nos consultórios odontológicos, o preparo profissional torna-se necessário para o tratamento do paciente de forma integral, responsável e ética.

Toxina botulínica

A toxina botulínica do tipo A, produzida pelo bacilo anaeróbio Clostridium botulinium, foi introduzido na área média para o controle e tratamento do estrabismo, e posteriormente após a anuência e outorga da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) no ano 2000 e após dois anos pela Food and Drug Administration foi ampliado o seu uso às outras defecções, incluindo também a odontológica . O mecanismo de ação da neurotoxina do tipo A é determinada pela alta afinidade sobre as sinapses colinérgicas, bloqueando a dispensa da acetilcolina nas terminações dos neurônios motores Alfa e Gama. Dessa forma, há a estagnação da contração muscular no local de aplicação do inibidor do neurotransmissor, propiciando o relaxamento e alívio da tensão muscular. Essa ação dose-dependente tem duração de 4 a 6 meses, e após este período, há a formação de novos receptores acetilcolina, e gradualmente, o restabelecimento da função muscular.

Preenchedores faciais

O envelhecimento é um processo contínuo, que tem efeitos diretos na pele, em razão do declínio das funções biológicas de adaptar e suportar as agressões do dia a dia. Neste sentido, com a crescente busca por interromper, diminuir ou evitar os efeitos marcados pela idade, houve uma expansão no mercado cosmético, com a criação de novas drogas e tecnologias não invasivas para o tratamento orofacial. Em razão disto, houve uma grande expansão e reconhecimento dos preenchedores faciais para finalidade estética, antes advinda apenas pelos procedimentos clínicos cirúrgicos. Dentre os benefícios, destacam-se baixo custo, menor tempo de recuperação, menos complicações e efeitos adverso .

O Ácido Hialurônico (AH), o mais utilizado entre os preenchedores, teve seu descobrimento na década de 30, e a partir deste marco foram realizados estudos e investigações que culminaram na identificação de suas propriedades em 195026. Trata-se de um polissacarídeo glicosaminoglicano mais abundante na matriz extracelular da pele (derme), e presente também no tecido conectivo e humor vítreo de animais, bem como em capsulas de algumas seletivas bactérias. As principais propriedades do AH são lubrificação, hidratação, modulação de células inflamatórias, diferenciação celular no reparo tecidual, formação de colágeno e efeitos antioxidantes (eliminação de radicais livres)

Bioestimuladores de colágeno

Com o desenvolvimento e inclusão de biomateriais indutores de colágeno na medicalização da beleza, foi possível a quebra do paradigma da estética, no tratamento local de rugas e imperfeições, para a harmonização orofacial tridimensional de forma mais natural e progressiva.

As peculiaridades técnicas dos preenchedores e bioestimuladores são mínimas, portanto, sua observância é de extrema importância para o sucesso e anseios clínicos desejados. Diferentemente do mecanismo de ação dos preenchedores faciais, os bioestimuladores atuam com a indução de colágeno do próprio organismo. Com a aplicação do biomaterial, inicia-se um processo inflamatório subclínico, que após a hidrólise e eliminação do corpo estranho, há o deposito de colágeno produzido pelos fibroblastos. Em razão disto, os resultados do procedimento não são instantâneos, com efeitos visíveis que podem iniciar após 30 dias da aplicação, com pico de produção de colágeno após 90 dias, e perduração dos resultados, de acordo com alguns estudos, de 24 a 40 meses

Laserterapia

Atualmente o laser é divido em duas categorias, aqueles de alta potência (LAP) e de baixa potência (LBP), sendo a última com propriedades analgésica, anti-inflamatória, foto e bioestimulação celular, sendo comumente utilizada no processo de reparo tecidual e cicatrização48. Os raios de luz do laser de baixa potência atuam nas células, por meio de estimulação fotoquímica, fotofísica e fotobiológica, sem aquecimento da pele ou do local de aplicação do feixe luminoso . Em relação à ação do LBP na bioestimulação celular, destaca-se a propriedade de indução mitótica das células epiteliais, dos fibroblastos, aumento da liberação de fatores de crescimento, biossíntese de colágeno e circulação sanguínea local. Dessa forma, ao associar este recurso as suas inerentes vantagens como ser menos invasivo, ter poucas contraindicações e menor desconforto ao paciente, a utilização do LBP tem se destacado dentre os procedimentos estéticos e orofaciais.

Bichectomia

A bichectomia é uma cirurgia oral menor, que tem o intuito de remover a bola de Bichat com finalidade funcional e/ou estética na área médica e odontológica. As primeiras discussões acerca dessa estrutura anatômica iniciaram-se em 1732, pelo médico e anatomista Lorenz Heister, que pela sua característica morfológica estrutural semelhante de uma glândula, foi denominada de glândula malar. Após 70 anos dos apontamentos de Heister, o anatomista e fisiologista Marie François Xavier Bichat, por meio de seus estudos detectou e esclareceu a natureza da estrutura, sendo advinda de tecido adiposo . A bola de Bichat é um acúmulo de gordura, delimitado por uma cápsula fibrosa, situado entre o músculo masseter e bucinador. Sua representatividade e desempenho funcional são maiores nos recémnascidos, auxiliando os movimentos de sucção na amamentação, assim como na proteção dos tecidos neurovasculares locais. Além disso, tem a função de separar os músculos mastigatórios, bem como auxiliálos em sua movimentação, sustentar as estruturas faciais, além de ter finalidades enxertivas e de reparação de defeitos orofaciais . Em relação às indicações da lipoplastia facial, ressalta-se aqueles acasos onde há traumas recorrentes na mucosa jugal, gerando lesões e ulcerações constantes na região. Além disso, essa manobra cirúrgica também é recomendada para finalidades estéticas, no afilamento do terço médio do rosto, possibilitando acentuar os ângulos do ramo da mandíbula e os contornos faciais

Fonte: Vol.27,n.2,pp.116-122 (Jun – Ago 2019) Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research – BJSCR)